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O RAMBO DA MINHA ALDEIA
Ele era homem de muitas palavras, e
nem todas verdadeiras.
Talvez para dar algum interesse á
vida rotineira do campo, sem grandes histórias, nem surpresas. Todos o
conheciam pelas patranhas que gostava de contar.
Como daquela vez, em que disse que
tinha visto um camião que levava dez mil quilos de pedras de isqueiro! _Aquelas
pedras minúsculas que os isqueiros têm para fazer a faísca que acende o gás.
Gostava de gabar-se de coisas que não
tinham acontecido.
Um dia, levou o neto á taberna da aldeia
para ver um jogo de futebol na televisão. Naquele tempo, ninguém tinha
televisão em casa, existia apenas em alguns estabelecimentos comerciais.
Como ia dizendo, quando chegou á
taberna não resistiu a contar mais uma das suas histórias.
_Hoje, quando eu andava a tratar da
vinha, andava uma avioneta a espiar-me. Ia e voltava, por cima de mim. Chateei-me,
fui a casa buscar a espingarda e quando ela voltou, PUUMMM!!!! Dei-lhe um tiro,
passou mesmo rentinho a ela, e quando ela virou de novo, PUMBAAAA!!!! Outro tiro!
Eh pá a avioneta até foi a abanar!!!
Os outros que o ouviam, desataram à
gargalhada.
_Ó ti Manel, conte outra, com que
então acertou numa avioneta com um tiro de caçadeira? Ahahahah, e riam.
_È verdade! Ela andava a chatear-me,
estava a espiar-me.
_Ti Manel, isso não pode ser. E
porque havia uma avioneta de o espiar?
_É verdade!!! Não vos admito que
duvidem de mim... _disse indignado.
_Mentiroso!_ disse o Zé Formiga, que
de formiga só tinha o nome, pois era um homem alto e encorpado.
Fez-se silencio. O ti Manel, que não
simpatizava com o sujeito, olhou-o com cara de poucos amigos. Ele tinha a mania
de o desmentir, quando ele estava a contar as suas histórias.
Palavra puxa palavra, e o ofendido já
chamava o outro para a rua, para a pancadaria. _ Vem cá para fora, que eu já te
digo quem é mentiroso. _ O zé Formiga, homem alto e jovem, uns vinte anos mais
novo que o ti Manel, não se fez de rogado. Não ia ter medo do velhote, pensou.
E saiu! Mas mal pôs o pé fora da porta foi atingido na cabeça pela garrafa de
cerveja que o ti Manel tinha na mão. Com o impacto inesperado e violento,
tombou no chão, desmaiado, com a cabeça coberta de sangue.
_Ó Francelina, chama aí uma ambulância,
ou outra coisa qualquer, para levar este gajo ao hospital._ disse o ti Manel
para a taberneira com a maior das calmas.
_Avô, vamos embora_ choramingou o neto
assustado.
_Caaalma! Primeiro temos que saber o
resultado do jogo de futebol. Respondeu o ti Manel com a maior das calmas,
entrando de novo na taberna e sentando-se a ver o jogo como se nada se tivesse
passado.
5 comentários:
Olá parceira Idália.
E eu penso que há muitos "Ti Manoel", atualmente, soltos pela web. ahahaha.
A sério, já ouvi cada história por aqui que só sendo muito tolo para acreditar.
A sorte que não nos damos mal como o Formiga, aliás, quando percebo que pessoa mente muito, me divirto, como se diz aqui no Brasil "pondo mais lenha na fogueira" que é para ver até onde pessoa consegue chegar.
A respeito do conto, já saiu a última parte e desconfio que realmente acertastes o desfecho. rs.
rsrsrs menina... e tem gente assim mesmo que conta cada coisa que acho que só ele mesmo acredita... outro dia mesmo tinha um rapaz no ônibus igualzinho o ti Manel rssrsrs
Beijo e uma noite mais que linda..
Sheila
Idália,
Meu pai era quase um "ti Manoel", embora não mentisse, ele sempre aumentava e penso que herdei algumas extensões de causos dele. E pelo jeito o "ti Manoel" até acreditava na própria mentira, já que a defendia com garrafadas e tudo.
Beijokas doces e adorei o causo.
Os melhores mentirosos são os que acreditam nas próprias mentiras. rsrsrs . Mas é também a fantasia, que leva à existencia de grandes artistas. Beijo do coração
Idalia Henriques
http://falandocomosmeusbotoes.blogspot.com
Olá Mammy!
O conto ficou óptimo! :D
Aquele Ti Manel era do pioriu! hehe
Tens de escrever mais contos da aldeia e outras histórias. :)
Adoro-te.
Beijos,
Cris Henriques
http://oqueomeucoracaodiz.blogspot.com/
P. S. - Em relação meu ultimo post, eu não vejo nada de mal em escrever-se num caderno, ou bloco. Mas não acho prático, pelo menos para mim não é e de ecológico nada tem. :)
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